quinta-feira, 25 de julho de 2013

Mapa violência Brasil


Mapa da Violência
Homicídios de jovens crescem 326,1% no Brasil, diz estudo


Em 2011, mais de 73% das mortes de pessoas entre 14 e 25 anos ocorreram de forma violenta. Na década de 1980, esse percentual era de 52,9%

Por Carolina Sarres

Brasília - A violência contra os jovens brasileiros aumentou nas últimas três décadas de acordo com o Mapa da Violência 2013: Homicídio e Juventude no Brasil, publicado  pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), com dados do Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Entre 1980 e 2011, as mortes não naturais e violentas de jovens (como acidentes, homicídio ou suicídio) cresceram 207,9%. Se forem considerados apenas os homicídios, o aumento chega a 326,1%.

Em 2011, havia cerca de 34,5 milhões de pessoas entre 14 e 25 anos no Brasil. Entre os jovens assassinados naquele ano nesta faixa etária, 73,2% morreram de forma violenta. Na década de 1980, o percentual era 52,9%. “Hoje, com grande pesar, vemos que os motivos ainda existem e subsistem, apesar de reconhecer os avanços realizados em diversas áreas. Contudo, são avanços ainda insuficientes diante da magnitude do problema”, conclui o estudo.

O homicídio é a principal causa de mortes não naturais e violentas entre os jovens. A cada 100 mil jovens, 53,4 assassinados, em 2011. Os crimes foram praticados contra pessoas entre 14 e 25 anos. Os acidentes com algum tipo de meio de transporte, como carros ou motos, foram responsáveis por 27,7 mortes no mesmo ano.

Segundo o mapa, o aumento da violência entre pessoas dessa faixa etária demonstra a omissão da sociedade e do Poder Público em relação aos jovens, especialmente os que moram nos chamados polos de concentração de mortes, no interior de estados mais desenvolvidos; em zonas periféricas, de fronteira e de turismo predatório; em áreas com domínio territorial de quadrilhas, milícias ou de tráfico de drogas; e no arco do desmatamento na Amazônia que envolve os estados do Acre, Amazonas, de Rondônia, Mato Grosso, do Pará, Tocantins e Maranhão.

De acordo com o estudo, a partir “do esquecimento e da omissão passa-se, de forma fácil, à condenação” o que representa “só um pequeno passo para a repressão e punição”. 
O autor do mapa, Julio Jacobo Waiselfisz, explicou à Agência Brasil que a transição da década de 1980 para a de 1990 causou mudanças no modelo de crescimento nacional, com uma descentralização econômica que não foi acompanhada pelo aparato estatal, especialmente o de segurança pública. 
O deslocamento dos interesses econômicos das grandes cidades para outros centros gerou a interiorização e a periferização da violência, áreas não preparadas para lidar com os problemas.

“O malandro não é otário, não vai atacar um banco bem protegido, no centro da cidade. Ele vai aonde a segurança está atrasada e deficiente, gerando um novo desenho da violência. Não foi uma migração meramente física, mas de estruturas”, destacou Waiselfisz.

Nos estados e capitais em que eram registrados os índices mais altos de homicídios, como em São Paulo e no Rio de Janeiro, houve redução significativa de casos, devido aos investimentos na área. São Paulo, atualmente, é o estado com a maior queda nos índices de homicídios de jovens nos últimos 15 anos (-86,3%). A Região Sudeste é a que tem o menor percentual de morte de jovens por causas não naturais e violentas (57%).

Em contraponto, Natal (RN), considerado um novo polo de violência, é a capital que registrou o maior crescimento de homicídios de pessoas entre 15 e 24 anos – 267,3%. A região com os piores índices é a Centro-Oeste, com 69,8% das pessoas nessa faixa etária mortas por homicídio.


terça-feira, 23 de julho de 2013

Aeromovel é desenvolvido no Brasil e usa tecnologia 100% nacional.


Imaginem uma pessoa ficar 53 anos na expectativa de realizar um sonho. Foi o caso do engenheiro Oskar Coester, que esperou por tanto tempo, sem desistir de ver implementada a sua invenção tecnológica em seu país.
Conheci o aeromovel entre 1995 e 1998, quando trabalhei na Escola Porto Alegre, que ainda hoje, localiza-se quase embaixo da linha teste do veículo. Era muito interessante observar os testes, hoje fico alegre em presenciar a conclusão e a concretização deste projeto totalmente nacional, envolvendo na cadeia de produção 59 empresas brasileiras.

Trechos retirado do site:
http://www.trensurb.gov.br/paginas/paginas_noticias_detalhes.php?codigo_sitemap=3761


                                                                                          
Foto: Kauê P. Menezes/Trensurb

Um meio de transporte sem condutores, em via elevada, com baixo impacto ambiental e que irá qualificar a mobilidade urbana em Porto Alegre e Região Metropolitana. 
Esse é o Aeromovel, que utiliza veículos leves movidos através de propulsão pneumática – o ar é soprado por ventiladores industriais de alta eficiência energética, por meio de um duto localizado dentro da via. O vento empurra uma aleta (semelhante a uma vela de barco) fixada por uma haste ao veículo, que se movimenta sobre rodas de aço em trilhos.

O conceito da tecnologia foi criado pelo empresário gaúcho Oskar Coester, na década de 1960. Apesar de ter uma linha teste em Porto Alegre, o sistema operava comercialmente somente na Indonésia, desde 1989. Porém, em agosto de 2010, foi firmado contrato entre Trensurb e Aeromovel Brasil S.A. para a implantação da primeira linha comercial da tecnologia no país. O Aeromovel interligará a Estação Aeroporto da Trensurb ao Terminal 1 do Aeroporto Internacional Salgado Filho num trajeto de 814 metros que será percorrido em dois minutos.

O projeto já está em fase final de conclusão. Por ser totalmente desenvolvido no Brasil e usar tecnologia 100% nacional, o Aeromovel tem movimentado a indústria e o mercado profissional do país. Durante estes quase três anos de obras, 59 empresas e 1.058 pessoas empenharam-se para que sua construção se concretizasse.

A oportunidade de fazer parte de um projeto inovador

A arquiteta Caroline Souza, 30 anos, participou da elaboração do projeto arquitetônico das estações e da via elevada, feito pela equipe da Obino Souza Pinto Arquitetura e Urbanismo (OSPA). O escritório de arquitetura foi montado quando Caroline e alguns colegas ainda eram estudantes. Ela conta que o trabalho envolveu diretamente cinco profissionais e foi realizado em seis meses. “Foi uma experiência muito interessante para todos nós. Por se tratar de uma tecnologia diferenciada, moderna e gaúcha, tanto a via quanto as estações precisavam refletir o conceito da tecnologia”, explica. O projeto das estações foi baseado no conceito criado pelo arquiteto Ado Azevedo. A partir da ideia dele, foram analisados os condicionantes legais, elaborado o projeto legal, o executivo e a compatibilização de todos os planos complementares.

Além da via e estações, outro componente é essencial para a implantação do Aeromovel: o veículo. A empresa responsável pela fabricação do A100 e A200, os veículos que circularão entre a Estação Aeroporto da Trensurb e o Aeroporto Salgado Filho, é a T’Trans Sistemas de Transportes S.A., que desde 1997 atua no segmento metroferroviário. Estiveram envolvidas no processo de fabricação dos veículos 237 pessoas. O diretor adjunto da área industrial da empresa carioca, Fernando Orsi, 50 anos, observa a inovação que o Aeromovel trouxe usando materiais compostos, como a fibra de vidro, na fabricação dos veículos. Para atender essa demanda, ele esclarece que foi criada uma infraestrutura prévia na T’Trans para a produção dos materiais. “Sempre estive envolvido em grandes projetos, mas nunca em um tão inovador e de baixo custo como este. 
(...)
O Aeromovel
(...)
Dados gerais
Extensão: 814 metros de trajeto em via elevada (total de 1.010 metros de trilhos, considerando-se terminais de manobra e de manutenção).
Terminais: dois (um na Estação Aeroporto da Trensurb, outro no Terminal 1 do Aeroporto Salgado Filho).
Veículos: dois (um com capacidade para 150 passageiros e outro para 300).
Tempo estimado do percurso total: 90 segundos.
Investimento estimado: R$ 37,8 milhões. Recursos do Governo Federal.
Prazo estimado para conclusão: segundo semestre de 2013.
Demanda prevista do sistema: 7,7 mil passageiros por dia.
Execução das obras: Aeromovel Brasil S.A. (pacote tecnológico), Premold S.A. (via elevada), T'Trans (veículos) e Rumo Engenharia Ltda. (estações)

Principais benefícios

Economia
Integração metrô-Aeromovel gratuita para os usuários;
Tecnologia de construção e operação 100% nacional;
Baixo custo de energia.

Segurança
Veículos totalmente automatizados, sem condutores a bordo;
Sistema de propulsão a ar movido por ventiladores elétricos.

Conforto
Sistema de freio pneumático de alta confiabilidade, mais conforto no deslocamento;
Veículos silenciosos, sem ruído de motores e com design moderno;
Acessibilidade universal, com espaço para cadeirantes e idosos;
Qualidade no transporte ao aeroporto para quem está na Região Metropolitana;
Melhoria da infraestrutura de transporte para acesso ao aeroporto e para a Copa do Mundo de Futebol de 2014.

Rapidez
Ligação direta da Estação Aeroporto ao Aeroporto Salgado Filho;
Apenas duas estações de embarque com alta frequência de serviço;
Evita perda de tempo em filas e engarrafamentos.

Meio ambiente
Tecnologia "limpa", com motores elétricos e sem a emissão de poluentes gasosos;
Estruturas elevadas e menos espessas, com design moderno e sem poluição visual;
Motores dispostos em casas de máquinas acusticamente isoladas, evitando poluição sonora;
Projeto com total atendimento às legislações ambientais vigentes.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Dia Internacional Nelson Mandela





Dia de homenagem à Mandiba Mandela 

18 de Julho, a ONU instituiu como o "Dia Internacional Nelson Mandela", pois esse é o dia do seu nascimento. 

Esta é uma forma de todos prestarmos homenagens e lembrarmos da luta deste homem pelos direitos humanos, liberdade, democracia e justiça. Um homem que fez toda a diferença neste mundo.

Tenho um profundo respeito, admiração e afeto por esse líder, que tem uma enorme alma, mente e espírito. Considero um dos maiores líderes da resistência não violenta e que inspirará muitas gerações na luta por um mundo mais justo e humano. 



Mandela ficou 27 anos preso injustamente por lutar pela liberdade, democracia e igualdade racial, na prisão da Ilha Robben, ocupando a cela número 466/64.



                                                Cela de Mandela na prisão



Na prisão ficou privado de qualquer informações do mundo exterior e ainda tinha um limite de palavras que poderia usar para escrever uma carta.

Um homem com os todos os motivos para o ódio, para a vingança e a amargura, pois esteve preso durante tanto tempo, o seu povo foi torturado, assassinado e também vítima da brutal política do apartheid. Mas, chegando ao poder, o que faz Mandela, em vez de propor a perseguição e a violência àqueles que brutalizaram o povo negro Sul Africano, propôs ao povo o perdão aos brancos, pois ele sabia que com a vingança não se criaria um país novo na África do Sul.

Sempre fico pensando, quantos de nós (bilhões de seres humanos na Terra) seriam capazes de realizar um ato destes, perdoar o seus algozes e ainda convencer todo o seu povo que o caminho a ser percorrido não era o da dominação e violência à etnia branca.

Mandela conseguiu ressignificar a vingança em esperança, e como líder propos a reconciliação. Perdoar sim, esquecer nunca. Um aprendizado que serve para os países do mundo todo.

Mandela dedicou 67 anos de sua vida a serviço da humanidade. E no dia de hoje, completa 95 anos de vida, Viva Mandela!




                                      Graça Machel e Mandela


Mandela gosta de dançar, então como sugestão de música: "Ensina-me a dançar" ( O' sifuni Mungu)

terça-feira, 16 de julho de 2013

Brasil tem a 4ª maior taxa de homicídio contra crianças e adolescentes

O Estatuto da Criança e Adolescente, completará 23 anos no dia 23/07. E o Brasil como vai em relação a aplicação desta lei?


Brasil tem a 4ª maior taxa de homicídio contra crianças e adolescentes


Em 2010, foram mais de 8.600 crianças e adolescentes assassinadas. Em número de homicídios, o país fica atrás somente de El Salvador, Venezuela e Trinidade e Tobago

Retirado do site: http://www.brasildefato.com.br/node/13612 em 16/07/2013

Viviane Barbosa/SP


O Estatuto da Criança e Adolescentes (ECA) completará no próximo dia 23 de julho, 23 anos no Brasil. Nesse período, o Estatuto produziu transformações importantes na cultura política brasileira, com mudanças paulatinas nas relações familiares, comunitárias sociais e institucionais. Está cada vez mais claro para a sociedade que crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, embora estes não sejam respeitados e atendidos em sua totalidade. “Para nós, isso significa que há sim o que comemorar, pois está em marcha uma ruptura com a história de anonimato e de absoluta inferiorização da infância brasileira”, disse a deputada federal (PT) Erica Kokay.

Segundo a parlamentar, ainda há muito a exigir, pois a garantia dos direitos das crianças e adolescentes pelo Poder Público no Brasil está distante do que preconiza o ECA. “Mais que isso, é preciso lutar para impedir retrocessos nos direitos garantidos, em especial no que tange à idade penal dos adolescentes que se encontram em cumprimento de medidas socioeducativas”, afirma.


Dados

Existem hoje dados suficientes para afirmar que, no Brasil, os adolescentes são mais vítimas do que algozes. É o que mostra, por exemplo, a edição de 2012 do Mapa da Violência.

Em 2010, foram mais de 8.600 crianças e adolescentes assassinadas. Ainda segundo o mesmo estudo, o Brasil tem a 4ª maior taxa de homicídio contra crianças e adolescentes de até 19 anos entre 99 países pesquisados. O país ficou atrás somente de El Salvador, Venezuela e Trinidade e Tobago.

Só em 2012, o serviço Disque 100 recebeu 120 mil denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes, especialmente agressões e maus tratos. Segundo a deputada Erica Kokay, apenas uma minoria de nossas crianças e jovens se envolvem em atos infracionais. Dos cerca de 20 milhões de adolescentes brasileiros (segundo dados de 2010 do IBGE), apenas 19 mil cumprem medidas socioeducativas em meio fechado, representando não mais que 0,07% do total, de acordo com informações de 2011 da Secretaria de Direitos Humanos.

Nos últimos anos, houve uma redução no número de práticas infracionais graves cometidas por adolescentes. Segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça, no período 2002 a 2011, a taxa de homicídio caiu de 14,9% para 8,4%; latrocínio de 5,5% para 1,9%; estupro de 3,3% para 1,0%; e lesão corporal de 2,2% para 1,3%. As infrações cometidas por adolescentes concentram-se hoje nos crimes contra o patrimônio (38%) e no tráfico (26.6%).

Para a parlamentar, esse conjunto de dados indica que a solução da questão passa por investir no desenvolvimento desses adolescentes, por meio de políticas públicas adequadas, e não pelo seu encarceramento no sistema prisional.



Medidas Preventivas

Erica Kokay afirma que as instituições, em especial o Congresso, devem pensar a construção de mecanismos que assegurem políticas públicas preventivas, de modo que todas as crianças tenham direito à educação infantil e integral para não iniciarem uma trajetória infracional na adolescência. Além disso, segundo ela, é preciso exigir do Poder Executivo o cumprimento efetivo da lei que cria o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), aprovada no ano passado pelo Congresso Nacional.

A deputada explica que se o ECA fosse cumprido na sua integralidade, não haveria nenhuma criança fora da creche; não haveria por volta de 26% de meninas e meninos com até cinco anos de idade fora da escola. “Por isso eu digo não à redução da maioridade penal e ao endurecimento das medidas socioeducativas, e digo sim ao investimento no desenvolvimento das crianças e adolescentes brasileiras, como forma de desenvolvimento do Brasil”, conclui. 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Microssatélite projeto de alunos da Universidade de Brasília


Retirado do site: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2013/06/alunos-da-unb-criam-microssatelite-para-mapeamento-terrestre.html em 26/06/2013 08h01.


Alunos da UnB criam microssatélite para mapeamento terrestre

Dispositivo vai subir 30 km de altura do solo e tirar fotos da superfície.

Isabella Formiga




Alunos da Universidade de Brasília (UnB) estão desenvolvendo um projeto inédito no país: a construção de um microssatélite, pouco maior que uma lata de refrigerante, que, pendurado a um balão de hélio, vai subir 30 quilômetros de altura do solo para coletar informações climáticas e tirar fotos da superfície terrestre.

O aluno de Engenharia Elétrica Pedro Henrique Dória, com o projeto de microssatélite que está sendo desenvolvido por estudantes da UnB (Foto: Isabella Formiga/G1)



O aluno de Engenharia Elétrica Pedro Henrique Dória, com o projeto de microssatélite que está sendo desenvolvido por estudantes da UnB (Foto: Isabella Formiga/G1)

Líder da equipe, Pedro Henrique Dória, de 21 anos, disse que a ideia de criar o dispositivo para o trabalho final de graduação surgiu da vontade de unir dois projetos espaciais: o balão atmosférico e o CanSat, que significa "satélite de lata". Pedro explica que o LaiCanSat1, como foi batizado o projeto, não atinge a órbita da terra, mas é chamado de microssatélite porque realiza propósitos semelhantes.

Pedro diz que duas vezes por dia, em Brasília, são lançadas sondas meteorológicas que chegam a 30 quilômetros de altura. "O balão estoura e elas caem de paraquedas, mas não se sabe onde elas vão parar”, diz. “Isso é um problema, porque podem cair no lago, em casas, em qualquer canto. Isso impede que sejam embarcados sensores mais precisos, já que são mais caros.”O dispositivo será equipado com uma câmera fotográfica, um GPS, sensores meteorológicos de umidade, temperatura, pressão e nível ultravioleta.

A maior inovação do LaiCanSat1, no entanto, é que ele terá dois motores para controlar o parapente, o que permitirá direcionar por quais pontos o microssatélite vai passar e, principalmente, determinar seu local de queda.

Será possível juntar todas as fotos tiradas pelo dispositivo em um software, borda com borda, e gerar um mapa gigante. A partir desse mapa é possível determinar áreas desmatadas, fazer controle de produção agrícola, de incêndios, observar o nível de rios, a ocupação urbana, e diversas aplicações que hoje a gente usa o satélite para fazer, mas que é muito caro. É possível ter informações muito mais atualizadas".

O LaiCanSat1 será lançado na região de Vila Boa, em Goiás, onde a concentração de rotas aéreas é pequena. O grupo já solicitou autorização da Força Aérea Brasileira para soltar o balão com o dispositivo, o que deverá acontecer em agosto. Após o lançamento, a localização do microssatélite será transmitida através de sinais de rádio. Um grupo vai esperar no local por cerca de três horas pela descida do dispositivo para recolher as informações e imagens coletadas.

“Será possível juntar todas as fotos tiradas pelo dispositivo em um software, borda com borda, e gerar um mapa gigante”, diz Pedro. “A partir desse mapa é possível determinar áreas desmatadas, fazer controle de produção agrícola, de incêndios, observar o nível de rios, a ocupação urbana, e diversas aplicações que hoje a gente usa o satélite para fazer, mas que é muito caro. É possível ter informações muito mais atualizadas.”

Para desenvolver o projeto, Pedro conta com a orientação do professor do Departamento de Engenharia Elétrica, Renato Borges, e de alunos e professores das disciplinas de Engenharia Mecânica, Engenharia Aeroespacial e Física.

Experiência

Apesar da pouca idade, Pedro tem bastante experiência na área espacial. No ano passado, ele estagiou durante nove meses em um centro da NASA, nos Estados Unidos, e hoje é estagiário da Agência Espacial Brasileira.

Em abril, Pedro venceu a promoção internacional de uma empresa áerea holandesa que tinha como prêmio uma viagem ao espaço - foi ele quem deu a previsão mais acertada sobre o ponto e a altitude atingida no espaço por um balão lançado no Deserto de Nevada, nos EUA. A viagem está marcada para o início de 2014.

domingo, 7 de julho de 2013

Se o “povo da mercadoria” não quiser que o céu caia sobre ele ...


"Tem que ter índio aqui nessa terra. O povo da floresta precisa também ajudar o não-índio. Sabemos que minha pele é diferente, mas nos somos um ser humano só. Não tem diferença. O sangue, a pele é diferente, mas nosso criador do mundo chama Omamë , ele fala que somos todos irmãos, um ser humano só. Corre um sangue só."




Se o “povo da mercadoria” não quiser que o céu caia sobre ele, é preciso que ajude a impedir a morte dos indígenas
06/10/2011
Joana Moncau
Belém, Pará


Minha mensagem que solto na minha boca, é que o céu só vai cair quando não tiver mais índio, quando não tiver mais floresta, mais rio, mais povo indígena.
Cinquenta anos atrás, os Yanomami ficaram mundialmente conhecidos como os últimos homens da Idade da Pedra a serem descobertos pela civilização ocidental. Neste início do século XXI, com um panorama catastrófico da ocupação não indígena na Amazônia, uma das críticas mais duras e profundas a esse modelo de “civilização” chega justamente da boca de um xamã yanomami. Os primitivo, quem diria, somos nós.

Desde os anos 80, Davi Kopenawa se notabilizou como um dos líderes indígenas mais conhecidos da Amazônia. A profundidade e complexidade de suas reflexões políticas o levou mais longe. Além de prêmios renomados, como o Prêmio Global 500 da ONU, hoje, seu pensamento é reconhecido internacionalmente. Recentemente, lançou em Paris o livro A queda do céu, Palavras de um xamã yanomami. Nele estão seus pensamentos recolhidos em Yanomami pelo etnólogo Bruce Albert, seu amigo há mais de 30 anos.

O pensamento de Davi é uma crítica radical ao capitalismo vinda dos confins da floresta. Para ele, nós, ocidentais, o “povo da mercadoria”, estamos doentes, dada nossa incapacidade de ouvir. E os riscos disso não são poucos. Kopenawa sabe bem do que fala. A corrida pelo ouro levou seu povo a ser dizimado por epidemias e conflitos trazidos pelo garimpo, na década de 1980. Sua atuação política contra o garimpo foi fundamental para a demarcação da Terra Indígena Yanomami, em 1992, ao norte da Amazônia, na divisa com a Venezuela.



“Vamos lançar esse livro. Vamos ver se os novos vão abrir os ouvidos”, diz. Esperamos que sim, afinal, segundo as palavras de Davi, se o “povo da mercadoria” não quiser que o céu caia sobre ele, é preciso que ajude a impedir a morte dos indígenas. O dia que o último indígena morrer, será o fim do mundo.

Quando você ainda era criança e viu o homem branco pela primeira vez, ficou apavorado. Tua mãe te escondeu em um cesto para que se acalmasse. Hoje a história de contato do homem branco com seu povo demonstrou que tinha razão nesse medo?


Eu tinha razão mesmo. Hoje eu cresci e ainda olho para o homem branco desconfiado. Agora estou aqui na cidade, eu não conhecia o movimento da cidade, muito carro, muita gente, muito barulho. Agora eu cresci e encontrei o homem branco interessado pela nossa terra, nossa riqueza, enganando também o povo indígena. Quando virei homem, com 20 anos, comecei a lutar com o homem da cidade, o homem político que não quer saber de nós, não quer respeitar o direito do povo indígena, do povo Yanomami. Eu comprei essa briga. Agora eu estou defendendo meu povo, brigando com político, para não deixar meu povo sofrer.

Como você ganhou tanto destaque nessa briga?

Sou um filho do Yanomami que enxerga e vê, reclama com os políticos. O homem grande da cidade, o governo, para mim ele significa um gigante, um Golias. Ele é um espírito grande que quer tomar toda nossa floresta destruindo. Querem acabar com o povo indígena do Brasil. Mas eu reforcei a luta e fui mandado para enfrentar homem. A força da natureza mostrou o caminho para meu povo ficar na frente, como se joga bola de futebol. Minha luta é tipo futebol, que vem apanhando muito, apanhando dos políticos, aprendendo a defender. Precisa de coragem para enfrentar o homem.

Até hoje estou aqui. Conversando com vocês, conversando com antropólogo, com autoridades, para eles mudarem o pensamento e não repetirem o preconceito que eles têm. Preconceito nós todos temos, do índio e do branco. Então pelo menos tem que ouvir nossa voz. Conversar com a Funai também e com os antropólogos. Nosso governo está cuidando do nosso país e vocês lendo meu escrito no papel que meu amigo escreveu, que eu pedi para divulgar para outros estudantes, outros professores. Para mim isso é importante para fazer uma barreira, para não fazerem mais maldade de nós.

Nós somos gente, somos seres humanos, somos legítimos dessa terra. Isso eu aprendi e agora sou liderança do povo Yanomami, represento eles no Brasil e no mundo. Hoje em dia o mundo conhece o nome do povo Yanomami. Os teus filhos, a tua filha, vão continuar lendo, escutando o nome dos indígenas do Brasil que estão lutando. Essa é nossa luta para poder viver. Sem luta, sem reclamação é morte, morre muita gente. É importante que você esteja aqui me entrevistando. Queria que você escrevesse para nosso amigo que estuda na escola, as moças novas que não conhecem o índio, que nunca foram na aldeia, que nunca conheceram indígena. Então é bom essa mensagem para que acreditem que estamos defendendo nosso país.

Há muitos anos os Yanomami lutam contra o garimpeiro em suas terras. Quais os danos que essa atividade econômica já fez ao seu povo e às suas terras?
Essa história é muito triste para mim, mas eu posso contar. O tempo do garimpo foi em 1985 e em 1986, aconteceu uma invasão de 40 mil garimpeiros na nossa terra. A Funai se levantou, mas não fez força para tirar eles rápido. O Garimpeiro na terra Yanomami foi muito ruim, muito forte, porque o próprio governo abriu as portas para os garimpeiros trabalharem e invadirem nossa terra. Os garimpeiros mataram muitos Yanomami e, depois da invasão, chegou a doença do garimpo: malária, tuberculose, gripe, cachaça, bebida alcoólica. E também homem mau que mata a gente, aconteceu muito. Mas não gosto de falar muito porque eu sofri demais por causa do meu povo.

Eu sobrevivi e também reforcei a lutar para não deixar morrer os parente Yanomami no tempo do garimpo. O garimpo estragou nosso rio, derramou veneno (como o mercúrio), óleo, gasolina. Mataram peixe, destruíram todo nosso rio. E até hoje a doença não saiu. Porque a doença ninguém pega, a doença a Polícia não pega de volta. A doença entrou e então continua. Eu tive sorte que umas e outras lideranças me ajudaram para indicar meu nome para ONU. O prêmio Global 500 abriu muito espaço para eu poder sair. Porque aqui no Brasil eu não consigo, não tem governo bom, aqui só se promete. Foi a ONU que me deu apoio para sair do meu país e ir para outro mundo para contar a história do meu povo Yanomami, dizer o que que o governo está fazendo, que o governo está deixando morrer meu povo, que os garimpeiro estão destruindo a natureza.


Como está o garimpo hoje em dia nas terras Yanomami?

O governo Collor resolveu tirar garimpeiro e demarcar nossas terras. Os garimpeiros foram embora, mas depois eles voltaram. Eles voltaram até hoje e estão aumentando. Essa é nossa preocupação de novo. Os garimpeiros são bichos, como o bicho porco, que ficam metendo o nariz no chão. Então eles são porcos. E o garimpo continua, entraram de novo, até hoje estão lá trabalhando. Continuam sujando nosso rio. Isso daí não mudou não.

No seu livro, lançado na França e que ainda será lançado no Brasil, você alerta para o risco de que ocorra a “queda do céu” sobre o “povo da mercadoria”. Será que o “povo da mercadoria” não se dará conta de que o caminho que trilha é obscuro, a tempo?
Você chama planeta, nós chamamos Hutomosi, que fica em cima da gente. Esse é o perigo. Ninguém está olhando para ele, ninguém está sonhando com o que vai acontecer. Minha mensagem que solto na minha boca, é que o céu só vai cair quando não tiver mais índio, quando não tiver mais floresta, mais rio, mais povo indígena. Não tem mais pajé, acabou a floresta e o mundo vai inundar. O mundo vai inundar e vai pensar naquele que matou: o homem branco que matou meu povo, matou a floresta, destruiu tudo, não tem mais índio na terra, então o mundo nosso (chama Hutukara) vai se vingar para matar o povo da terra.

É assim que falo para meu amigo [Bruce Albert] escrever no papel para o povo acreditar. Isso aí é a mensagem. Tendo índio, tendo pajé, não vai acontecer. Isso não vai acontecer agora não, nós vamos viver ainda. É por isso que vocês têm que pensar e divulgar para outros também pensarem e defenderem nossa floresta, nosso povo.

Antigamente o céu que está aqui caiu, matou o povo. Nós somos sobrevivência do humano. Hoje, é o pajé que trabalha para segurar a onda do mundo, a onda do céu, para não cair. Esse é meu trabalho, para não deixar acabar meu povo Yanomami. Com os pajés, com o Pata (sábios), e para eles não morrerem de doença, gripe, malária. Então estou aqui falando com autoridades da cidade, para eles cuidarem. Se eles não quiserem cuidar, se morrermos nós todos, os índios, sem ajuda, então eu falo: sem índio, sem a floresta, o mundo vai cair, o mundo vai se vingar como aconteceu antigamente.

Do que os índios e os pajés precisam para não acabarem?

Os pajés Yanomami precisam apoio de saúde. O governo brasileiro tem dever de cuidar da saúde Yanomami. Não só, de outros parentes também: Tikuna, Makuxi, Wapixana, Waiwai, Waimiri-Atroari, Xavante, Kayapó… O governo brasileiro tem que cuidar de saúde, dar vacina, remédio, para eles fazerem tratamento. Tem que dar saúde de qualidade para cuidar do meu povo, para não deixar morrer os pajés que estão cuidando do nosso mudo.

Como você entende essas epidemias do contato?
Eu e meu povo chamamos essas epidemias de Xawara. Xawara é um espírito mau, que transmite doenças como gripe, sarampo, malária, tuberculose e outras doenças que vem andando. Porque essaXawara é lá da Europa, ela vem trazida de outros povos, de outros países. Aqui no Brasil não tinha Xawara, hoje sim, porque eles a trazem nos corpos de avião, de navio. Assim que vem trazida essa Xawara para ficar nas aldeias, nas comunidades. Ela ataca nós, ataca nossa alma, ataca nossos filhos, nossas mulheres, eles ficam doente. Xawara quer dizer “canibal” em português.

Enquanto xamã, o que acha que pode ser feito para que o povo da mercadoria abra os ouvidos e adquira sabedoria para parar de destruir esse mundo que é de todos?
Isso é complicado, é difícil. Nós já falamos muito, mas o povo só quer destruir para fazer mercadorias, as mercadorias que ficam embaixo da terra. Mercadoria dos brancos, significa destruir a natureza para tirar riqueza da terra: ouro, diamante, pedras preciosos, a madeira também. Isso é pensamento dos homens brancos. Para ele parar de fazer isso não tem remédio, não tem pessoal… Não tem cura para ele. Porque a raiz do pensamento que quer tirar mercadoria da terra, é profunda, a raiz está no pensamento da autoridade, que não vai parar de pensar não. Ele vai continuar pensando, tirando cada vez mais a riqueza da terra. Esse homem é louco. Homem ficou doente, com o pensamento doente. Ele não pensa, não escuta nós, nem lê, não acredita. Só acredita nele, porque ele tá com dinheiro na mão. Dinheiro, avião, carro, navio, armas pesadas, os exércitos estão junto com ele. Mas para parar, ele não vai parar não. Mas eu venho tentando, conversando para pararem de destruir a natureza.

Não tem cura então?

Não tem cura, não tem remédio. Só tem cura se mudar, como lavar uma panela. O homem que domina nós, que manipula nós, ele não pensa em nós, não pensa em vocês. Nós falamos, mas ele não quer perder mercadoria, não quer parar de destruir, não quer deixar de fabricar. Fabrica mais para vender mais, para negociar mais. Eu acredito que isso é difícil e para mudar só um governo novo, um governo bom. Eu não tenho um chefe nessa terra, não tenho amigo bom para governar o mundo. Para governar e controlar essa fábrica de mercadoria: mercadoria panela, rede, calção, carro, elétricos, internet, televisão. Ele não percebe não, porque ele é homem doente. Nós tentamos fazer ele escutar, mas ele não escuta. Ele é homem seco, não quer parar de tirar mercadoria. Mercadoria para mim significa tirado da terra pra fazer tijolo, cimento, madeira, ouro, diamante, para fazer vidro, pra fazer televisão. Isso tudo é material, mercadoria da terra. É tirado da terra.

Como conseguir um governo bom que resolva essa situação?

Para parar de fazer isso, para parar de fabricar, para parar de tirar é preciso mudar a mamadeira do governo, a mamadeira de todo mundo, de todos os governos que nosso país elege. Existe uma mamadeira só. Quando um governo sai e o outro vem, ele mama a mesma mamadeira. Essa mamadeira é suja, o governo não quer trocar. Nós Yanomami, falamos que tem que trocar a mamadeira, tem que trocar para outro governo bom, honesto, que quer ajudar o povo indígena, quer parar o que não presta. Para mudar a mamadeira, só os futuros, o futuro nosso, repensar. Nós não podemos mudar essa mamadeira. Hoje o presidente é uma mulher, ela está mamando a mesma mamadeira que José Sarney mamou, que o Collor mamou, que o Lula mamou. Não mudou anda. Eu pensava que o presidente mulher ia usar mamadeira nova e a cadeira nova.

Como conquistar essa “mamadeira nova”?

Depende do povo, porque o povo tem medo de reclamar. O povo quer mudar, mas autoridade não quer mudar não, porque ela quer dinheiro do povo, não sabe como ficaria se mudasse. Nem Deus não vai mudar. Assim sempre vai funcionando nosso país, nosso chefe, nossa autoridade, vão continuar maltratando nosso povo. Não tem emprego bom, não tem casa boa, não tem comida para crianças comer, muitos aqui na rua estão comendo lixo. A criança fica morando na favela, o chefe não vai dar a casa boa para ela. Não vai dar emprego bom para eles trabalharem e para ele ficar contente. Um fica triste e outro fica contente porque tá com salário bom, mercadoria boa, tá comendo comida boa, de primeira qualidade. É isso que o governo come. Esse daí pata xawara come. E nós? Comemos cabeça, orelha, tripa, essa é nossa comida. Para mercadoria, mudar a cabeça do homem é difícil.

Como é sua vida atualmente em meio a tanta atividade política?

Continuo morando junto com meu povo Yanomami. Não posso deixar meu povo sofrer sozinho, estou aqui porque sou representante do meu povo, sou porta-voz do meu povo. Não tenho casa para ficar na cidade, minha casa está na aldeia, meus filhos, família, mulher, estão todos lá. Eu tenho um lugar, uma casa na cidade, chama Hutukara Associação Yanomami. Nós criamos uma associação [em 2004] para ficar perto do governo. Se eu ficar todo tempo na aldeia, não resolve, não posso reclamar porque não estou vendo. Se vou perto da cidade, junto, olhando olho no olho para a Funai, o governador, o presidente, eu reclamo. Por isso fico na cidade dois meses, depois eu volto para a aldeia. A minha casa é na aldeia, não é na cidade. Eu não moro na cidade, eu fico trabalhando. Sou tipo um guardião do meu povo, fico vigiando, fica perto do computador para poder comunicar para São Paulo, Brasília, Manaus, comunicar para outro mundo.

O que você diria para “os novos” que ainda podem abrir os ouvidos?

Eu queria dize ruma mensagem para você mandar para as crianças e os estudantes que não conhecem sobre nós, não conhecem a floresta, não conhecem a comunidade, não conhecem meu povo, não conhecem os costumes tradicionais, não conhecem os pajés, as curandeiras, que estão lá na minha aldeia. Os novos da cidade que estudam, precisam se aproximar de nós. Precisamos aproximar nossos filhos para fazer amizade, para ficarem amigos, para defenderem, para lutarem juntos. Essa é minha mensagem para o povo da cidade. Se ele achar boa minha ideia que estou gravando aqui. Difunde pra quem quiser escutar, o professor, a professora, para ensinar as boas coisas, para preservar a natureza. Isso vale para os povos de todo o mundo: Venezuela, Colômbia, Equador, Brasil, México, Europa, Argentina, Japão. Queria que nossa mensagem chegasse para outro pessoal que escute e sinta vontade de ajudar. Nossa luta é importante para nosso povo e para o povo brasileiro, não só para o Yanomami. Tem que ter índio aqui nessa terra. O povo da floresta precisa também ajudar o não-índio. Sabemos que minha pele é diferente, mas nos somos um ser humano só. Não tem diferença. O sangue, a pele é diferente, mas nosso criador do mundo chama Omamë , ele fala que somos todos irmãos, um ser humano só. Corre um sangue só.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Em defesa da internet livre e democrática



Em defesa da internet livre e democrática


Por Carlos A. Afonso em 11/06/2013 


Embaixador Miguel Palomino de la Gala, Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento das Nações Unidas; Dr. Supachai Panitchpakdi, Secretário Geral da UNCTAD; Dr. Hamadoun Touré, Secretário Geral da UIT, em nome dos quais cumprimento as autoridades presentes, senhoras e senhores:


Recebi a honrosa missão de falar na cerimônia de abertura da 16ª Sessão da Comissão de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento das Nações Unidas (UN CSTD) como membro de uma pequena organização da sociedade civil, comprometida com a contribuição proativa no avanço das TICs para o desenvolvimento humano em meu país.


Também sou membro fundador de uma iniciativa pluralista importante para a governança da Internet no Brasil, criada em 1995, quando este conceito ainda não existia, o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) – uma iniciativa conjunta do governo, academia, indústria e ONGs. Mais do que uma simples organização de gestão de números e nomes de domínio para o domínio “.br”, o Comitê Gestor tem a missão de supervisionar ou aconselhar de forma geral assuntos relacionados ao desenvolvimento e implantação da Internet em nosso país.


Desde 2003, quando um modelo multissetorial para coordenação foi consolidado, a maioria de seus 21 membros é eleita a cada três anos pela sociedade civil, setor privado e a comunidade técnica. Nosso Comitê Gestor tem sido uma referência para diversos países na organização de processos multissetoriais para governança da Internet.


Em 2009 o Comitê Gestor chegou a um consenso sobre 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet no Brasil. O Decálogo do CGI.br vem então sendo usado como referência em diversos fóruns mundiais e foi a pedra fundamental de uma proposta desafiadora: um novo projeto de lei que estabelece um marco de direitos civis para a internet brasileira, conhecido como o Marco Civil da Internet. O Marco Civil foi elaborado ao longo de um processo aberto de 3 anos, com consultas altamente participativas entre membros de todos os setores, até atingir sua versão final que foi submetida ao Congresso no ano passado.


Agora, lutamos para preservar a essência do Marco Civil em sua travessia pelo Congresso, contra o pesado lobby da indústria de telecomunicações (que se opõe fortemente à neutralidade da rede) e das principais empresas de midia (que desejam a derrubada de conteúdos sem o devido processo legal, assim como a responsabilização indevida aos intermediários).


Internet para todos


Em resumo, essas são, mais ou menos, as mesmas disputas que podemos perceber na maior parte dos países, incluindo nas mais desenvolvidas democracias. Um forte indicativo desse e de outros obstáculos à construção de uma Internet mais livre e aberta foi o recente apelo, feito há quatro dias, de Neelie Kroes, vice-presidente da Comissão Europeia responsável pela Agenda Digital, que, junto com a defesa de um mercado europeu unificado de telecomunicações, ressalta a fundamental relevância de se garantir a neutralidade da rede, entre outros direitos fundamentais.


Como a comissão de banda larga da ITU-Unesco declarou em seu relatório de 2012, “até hoje, o crescimento rápido e substancial da banda larga não implicou em acréscimos significativos no acesso à Internet em países menos desenvolvidos, nos quais apenas 6% dos habitantes tinham acesso em 2011. Espera-se que essa porcentagem seja mais que o dobro em 2015, mas, até lá, o grande vão que separa essas nações dos países de renda mais alta pode crescer ainda mais.” E Susan Crawford, em seu recente livro “Captive Audience”, faz uma defesa muito forte da universalização da banda larga de alta velocidade bidirecional (tanto para upload quanto para download) em cada casa e escritório.


Alta velocidade bidirecional é a verdadeira banda larga, com a garantia da neutralidade de rede e a proteção de outros direitos humanos básicos para o usuário final.


Como eu disse na cerimônia de abertura do IGF em Baku, a ausência de barreiras e a comunicação global e aberta possibilitada pela Internet são cruciais para que se concretize a promessa do Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.


Impor restrições ao livre fluxo de informações é e sempre foi uma atitude contrária ao direito individual de liberdade de expressão. Nós devemos preservar e promover os direitos fundamentais de comunicação, conforme foi sintetizado na declaração final do primeiro evento de revisão WSIS+10, ocorrido na sede da Unesco, em Paris, em fevereiro deste ano.


Como exemplifica a experiência brasileira em governança pluralista, nenhum futuro arranjo institucional voltado à governança da Internet pode ser restringido a meras estruturas multilaterais – nós podemos precisar de novos mecanismos de governança, mas estes devem enfatizar a total participação de todos os setores, da concepção de políticas até a tomada de decisões. Vamos torcer para que o atual grupo de trabalho da CSTD sobre cooperação aprimorada ilumine o caminho para uma efetiva colaboração internacional.


Que a Internet continue a florescer livremente para o benefício daqueles que vivem nas suas extremidades, ou seja, todos nós. Obrigado.


***

Carlos A. Afonso é diretor executivo do Instituto Nupef, presidente da ISOC Brasil e membro do CGI.br

Retirado do site:

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Também somos o chumbo das balas






Também somos o chumbo das balas




ELIANE BRUM - 01/07/2013 

O Brasil não mudará em profundidade enquanto a classe média sentir mais os feridos da Paulista do que os mortos da Maré


       Você está na sala assistindo à TV. Ou está no restaurante, com seus amigos. Ou está voltando para casa depois de um dia de trabalho. Você ouve tiros, você ouve bombas, você ouve gritos. Você olha e vê a polícia militar ocupando o seu bairro, a sua rua.

      É difícil enxergar, por causa das bombas de gás lacrimogêneo, o que aumenta o seu medo. Logo, você está sem luz, porque a polícia atirou nos transformadores. 
O garçom que o atendia cai morto com uma bala na cabeça. O adolescente que você conhece desde pequeno cai morto. Um motorista está dirigindo a sua van e cai ferido por um tiro. Agora você está aterrorizado. Os gritos soam cada vez mais perto e você ouve a porta da casa do seu vizinho ser arrombada por policiais, que quebram tudo, gritam com ele e com sua família. Em seguida você vê os policiais saírem arrastando um saco preto. E sabe que é o seu vizinho dentro dele.

Por quê? Você não pergunta o porquê, do contrário será o próximo a ser esculachado, a ter todos os seus bens, duramente conquistados com trabalho, destruídos. Se você está em casa, não pode sair. Se você está na rua, não pode entrar. 

O que você faz?

Nada.

Você não faz nada porque não aconteceu com você. Você não faz nada especialmente porque se sente a salvo, porque sabe que não apenas não aconteceu, como não acontecerá com você. Não aconteceu e não acontecerá no seu bairro. Isso só acontece na favela, com os outros, aqueles que trabalham para você em serviços mal remunerados.

Aconteceu na Nova Holanda, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, na segunda-feira passada (24/6). 
Com a justificativa de que pessoas se aproveitavam da manifestação que ocorria na Avenida Brasil – o nome sempre tão simbólico – para fazer arrastão, policiais ocuparam a favela. Um sargento do BOPE morreu e a vingança da polícia começou, atravessou a madrugada e boa parte da terça-feira. 
Saldo final: 10 mortos, entre eles “três moradores inocentes”.

Os brasileiros foram às ruas, algo de profundo mudou nas últimas semanas, tão profundo que levaremos muito tempo para compreender. Mas algo de ainda mais profundo não mudou. E, se esse algo ainda mais profundo não mudar, nenhuma outra mudança terá o peso de uma transformação, porque nenhuma terá sido capaz de superar o fosso de uma sociedade desigual. A desigualdade que se perpetua no concreto da vida cotidiana começa e persiste na cabeça de cada um.

Quando a polícia paulista reprimiu com violência os manifestantes de 13 de junho, provocando uma ampliação dos movimentos de protesto não só em São Paulo, mas em todo o Brasil, houve um choque da classe média porque, dessa vez, muitos daqueles que foram atingidos por balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo eram seus filhos, irmãos e amigos. Como era possível que isso acontecesse? 

Era possível porque a polícia militar – e não só a de São Paulo, como se sabe e tem se provado a cada manifestação, nas diversas cidades – agiu no centro com quase a mesma truculência com que cotidianamente age nas favelas e nas periferias. Quase com a mesma truculência, porque algumas vozes se levantaram para lembrar que nas margens as balas são de chumbo.

Balas de borracha, como foi dito em tom irônico, seria um “upgrade”. A polícia fez, portanto, o que está acostumada a fazer no dia a dia das periferias e favelas, o que é ensinada e autorizada a fazer. E muitos policiais devem ter se surpreendido com a reação da opinião pública, já que agem dessa maneira há tanto tempo e as reclamações em geral ficavam, até então, limitadas às mesmas organizações de direitos humanos de sempre. 

E então veio a Maré. E, em vez de balas de borracha, as balas eram de chumbo. Em vez de feridos, houve mortos. E, ainda que o massacre tenha tido repercussão, especialmente no Rio de Janeiro, ela foi muito menor e menos abrangente do que quando a violência foi usada no centro de qualquer cidade. 
Por quê? Seriam os brasileiros da Maré ou de outras favelas menos brasileiros do que os outros? 
Seriam os humanos da Maré ou de outras periferias menos humanos do que os outros? Sangrariam e doeriam os moradores da Maré menos do que os outros? 

É preciso que a classe média se olhe no espelho, se existe mesmo o desejo real de mudança. É preciso que se olhe no espelho para encarar sua alma deformada. E perceber que essa polícia reflete pelo menos uma de suas faces. Parece óbvio, do contrário essa polícia não seguiria existindo e agindo impunemente, mas às vezes o óbvio é esquecido em nome da conveniência.

É fácil renegar a polícia militar como algo que não nos diz respeito, como sempre fazemos com as monstruosidades que nos envergonham. Sem precisar assumir que essa polícia existe como resultado de uma forma de ver a sociedade e se posicionar nela – uma forma que perpetua a desigualdade, dividindo o país entre aqueles que são cidadãos e têm direitos e aqueles que não têm nenhum direito porque, mesmo que trabalhem dura e honestamente, são criminalizados por serem pobres.

No momento em que os mortos da Maré incomodam menos que os feridos da Paulista ou de outros lugares do Brasil, se justifica e legitima a violência da polícia
Se justifica e legitima de várias maneiras – e também por aqueles que sentem menos a violência da Maré do que a da Paulista, apesar de ela ser numa proporção muito maior, a começar pela diferença das balas. Se justifica e se legitima e se perpetua porque, ainda que não confessado, mas claramente expressado, vive-se como se os mais pobres, os que moram em favelas e periferias, pudessem ter suas casas invadidas, seus bens destruídos e suas vidas extintas. 

Se fosse você ou eu na Maré, reconheceríamos os rostos dos que tombam e estaríamos lá, aterrorizados com a possibilidade de sermos os próximos a virar estatística. O garçom que caiu morto com um tiro na cabeça é Eraldo Santos da Silva, 35 anos. Quem estava no restaurante contou que os policiais do BOPE atiraram no transformador para o local ficar às escuras e então mudar a cena do crime, retirando as cápsulas do chão. O garoto de 16 anos que foi assassinado se chama Jonatha Farias da Silva. A polícia disse que ele estava com uma arma na mão, mas várias pessoas que o conhecem desde criança afirmam ser impossível. Jonatha é descrito como um menino tímido e muito sozinho que perdeu a mãe de tuberculose aos 11 anos e vivia com um irmão mais velho num quarto de quatro metros quadrados. Engraxava sapatos e vendia biscoitos nos congestionamentos da Linha Vermelha para sobreviver, enquanto sonhava com ser mecânico. 
O motorista ferido quando dirigia a van alvejada por tiros é Cláudio Duarte Rodrigues, de 41 anos. Foi levado ao hospital por moradores, mas despachado para casa com a bala ainda alojada no glúteo.
Só depois uma ONG obteve a promessa de uma ambulância para buscá-lo. Você ainda poderia ser a empregada doméstica que ouviu os policiais arrombarem a porta da casa do seu vizinho, ouviu seus gritos – “Me larga! Socorro!” – e o viu ser retirado de lá, dentro de um saco preto. 

Mas isso não acontece com você, nem com seus filhos. Nem comigo. Mas, ainda que não aconteça, como é possível sentirmos menos? Ou mesmo não sentir? Ou ainda viver como se isso fosse normal? Ou olhar distraidamente para a notícia no jornal e pensar: “mais uma chacina na favela”?

Em que nos transformamos ao sentir menos a morte de uns do que a de outros, a dor de uns do que a de outros, mesmo quando olhamos para uns e outros apenas pela TV?

O que torna isso possível? 

É preciso parar e pensar. Porque esses, que assim morrem, só morrem porque parte da sociedade brasileira sente menos a sua morte. É cúmplice não apenas por omissão, mas por esse não sentir que se repete distraído no cotidiano. Por esse não sentir que não surpreende ninguém ao redor, às vezes nem vira conversa. Essa polícia que mata nos reflete, por mais que recusemos essa imagem no espelho.

São vários os discursos que se imiscuem na vida cotidiana e penetram em nossos corações e mentes, justificando, legitimando e perpetuando a ideia de que a vida de uns vale menos do que a de outros, de que a vida dos mesmos de sempre vale menos do que a dos mesmos de sempre. 
Um desses discursos é a afirmação, que nesse caso foi assumida e amplificada por parte da imprensa, de que a polícia teria admitido que “três moradores mortos eram inocentes”. A frase tem tom de denúncia, ao afirmar que a polícia reconheceu a morte de “inocentes” na Maré. A declaração expressa, de fato, a ideia de que ao menos esses três não deveriam ter sido assassinados. Por oposição, cabe a pergunta: e os outros deveriam? 

Essa frase diz ainda mais: se “três são inocentes”, aceita-se automaticamente e sem maior investigação que os demais seriam suspeitos de tráfico e outros crimes – e destes, quase nada ou nada é contado. É nesse ponto que se oculta algo ainda pior contido nesse discurso, que é a aceitação da pena de morte de suspeitos. Ou seja, os supostamente “não inocentes”, os supostamente “bandidos”, “traficantes”, “vândalos” poderiam, então, ser mortos? É isso o que se diz nas entrelinhas. Mas não seriam todos “inocentes”, até julgamento em contrário, dentro do ritual jurídico previsto pelo Estado de direito? Sem contar que a lei brasileira não prevê a pena de morte de julgados e condenados por crimes, nem sequer os hediondos. Mas o Estado, com o aval de uma parte significativa da sociedade, executa suspeitos. 

A aceitação dessa quebra cotidiana da lei pelo Estado está presente na narrativa dos acontecimentos – e a imprensa tem um papel importante na reprodução desse discurso: “três deles eram inocentes”, “morreram em confronto”, “morreu ao resistir à prisão”, “troca de tiros” são algumas das expressões entranhadas nos nossos dias como se tudo explicassem. Como se isso fosse corriqueiro – e não monstruoso. Mesmo para a morte de “inocentes”, fora as mesmas vozes dissonantes de sempre, se atribui expressões como “efeito colateral”. 
E parece ter sido fácil para a classe média aceitar que o “efeito colateral” é a morte dos filhos, dos irmãos, dos pais e das mães dos pobres.

Em um artigo no site do Observatório de Favelas, que vale a pena ser lido (aqui), Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré e da Divisão de Integração Universidade Comunidade PR-5/UFRJ, faz uma análise da frase dita na TV pelo consultor de segurança pública Rodrigo Pimentel: “Fuzil deve ser utilizado em guerra, em operações policiais em comunidades e favelas. Não é uma arma para se utilizar em área urbana”. Ele criticava, em 18/6, a imagem de um policial militar atirando para o alto com uma metralhadora, perto de manifestantes que praticavam ações violentas em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. 
Como afirma Eliana, parece um comentário “natural, racional e equilibrado”, mas, de fato, o que ele está dizendo? Que na favela pode. E, fora uma ou outra voz, como a dela, não causa nenhuma surpresa. Nem mesmo se estranha que na favela pode, nos protestos do centro não.

A palavra “confronto” encobre forças desiguais – e o que tem sido chamado de “confronto” seguidamente não é o que diz ser. Mesmo em confrontos de fato trata-se o que é desigual como se fosse igual, também simbolicamente. Como se uma das forças em confronto não encarnasse o Estado e tivesse, portanto, de respeitar a lei e seguir parâmetros rígidos de conduta – e não igualar-se a quem supostamente está no outro lado. 
Como se a polícia, como aconteceu na Maré, tivesse autorização para se vingar pela morte – lamentável – do sargento do BOPE, entrando na favela e arrebentando. E o sargento do BOPE Ednelson Jerônimo dos Santos Silva, 42 anos, é também uma vítima desse sistema avalizado por uma parte significativa da sociedade dita “de bem”. 

A questão é que, se a polícia não tem autorização de direito, tem de fato. E tem porque a classe média sente menos a dor dos pobres. Tem autorização porque uma parcela da sociedade primeiro criminaliza os pobres – e, depois, naturaliza a sua morte. É por isso que a polícia faz o que faz – porque pode.
E pode porque permitimos. A autorização não é dos suspeitos de sempre, apenas, mas de parte considerável dessa mesma classe média que vai às ruas gritar pelo fim da corrupção. Mas haverá corrupção maior, esta de alma, do que sofrer menos pelos mortos da Maré do que pelos feridos da Paulista?

A autorização para a morte dos pobres é de cada um que sente mais as balas de borracha da Paulista do que as balas de chumbo da Maré. Sentir, o verbo que precede a ação – ou a anula.

“Estado que mata, nunca mais!” é o chamado de um ato ecumênico marcado para as 15h desta terça-feira (2/7), com concentração na passarela 9 da Avenida Brasil, pelos moradores da Maré. 
A manifestação, anunciada como “sem violência e pacífica”, pretende lembrar os 10 mortos de 24 e 25 de junho, inclusive o sargento do BOPE. “Não é mais aceitável a política militarizada da operação do estado nos territórios populares, como se esses locais fossem moradas de pessoas sem direitos. Responsabilizamos o governador do Estado e o secretário de Segurança Pública pelas ações policiais nas favelas. Exigimos um pedido de desculpas pelo massacre e o compromisso com o fim das incursões policiais nas favelas cariocas, sustentadas no uso do Caveirão e de armas de guerra”, diz a chamada na internet.

Este ato poderá se tornar um momento de inflexão nos protestos que atravessam o país. Saberemos então se os cidadãos das favelas estarão sozinhos, como sempre, ou acompanhados pelas mesmas organizações de direitos humanos de sempre – ou se o Brasil está, de fato, disposto a começar a curar sua abissal e histórica cisão. 



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Somos da maré e temos direitos: